A. Maria
A mim? Parece se não mais uma das inúmeras explicações que se tenta dar a cerca de tal sentimento, deus, ser, magia, loucura, e tudo o mais a que ele nos leva.
Acredito, na verdade, não ser nada disso, ele é somente o que nos leva ao que quer que seja, e nos leva a crer que o é.
É o absurdo, fenômeno sem explicação, e se não tem explicação não tem nome. Não tem nada e nos leva a tudo. Não está em lugar algum e nos leva a qualquer lugar. Não é, mas nos faz.
Sim, sou sim feita, mandada e comandada por isso aí que falei a pouco, e deve ser mesmo por isso, que às vezes me sinto perdida, sem norte, sul, leste nem oeste, já que ele às vezes também consegue me levar a lugar nenhum, assim como de costume me leva a todos os lugares.
Freqüentemente olho em volta e não identifico onde estou ou com quem estou, nem sei mesmo onde piso. Mas se por ventura a calma me acompanha nessa viagem, consigo capturar do nada mais um pouco do que me faço, uma partícula do novo ser que passo a ser. E quando consigo realizar essa conquista, volto para o nosso mundo mais completa, mas cheia de mim, de você, de nós, de tudo e de todo o resto.
A busca por esses momentos no vazio é o que me faz viva, o que me ajuda a respirar, o que me faz olhar em volta, em tudo o que me rodeia, ou melhor, em todos que carregam no peito o suspiro, o vulto do absurdo, aquele por vezes chamado de amor. Mas não entendas como peito somente essa carne, parte de nosso corpo. Não. Nada do que lês aqui tem como significado somente o que consta naquele livro inútil chamado dicionário, que a ele recorremos tantas vezes para saber o que é aquilo. Devemos, sobretudo saber que aquilo que discorreram ali é somente o que alguém quis que tal coisa fosse. E sendo assim, o peito de que te falei pode ser feito de ar, areia, clorofila, tinta, sangue ou nada. É o peito que não vês, mas que tenho bem aqui em mim, não sei ao certo onde, mas pode ser que esteja mesmo por trás desse mamilo que podes ver.
E é aqui em meu peito que tenho um pouco do que quero ter. Tenho acúmulos de sentimentos e momentos que me proporcionaram o absurdo. É aqui onde guardo um pouco de ti que roubei para mim, é aqui o lugar mais cheio e mais vazio de você, de mim e do que mais passar. É aqui onde certamente mora a verdadeira explicação a cerca do que é o absurdo.
É isso. É isso o que me parece e o que procuro parecer. É tudo e nada, cheio e vazio.
E então, que te parece?
domingo, 2 de agosto de 2009
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ótima estréia...
ResponderExcluirEsse texto a meu ver, é a mistura de Augusto dos Anjos com Machado de Assis e uma pitada de Clarice Lispector! Entendeu????
ResponderExcluirP.S: Outra coisa,deixe de pornografia e componha-se, nada de deixar os mamilos à mostra! =P
Deixe a senhorita de meter sujeira em minhas palavras, rapá!
ResponderExcluirE em "http://anamariacf.blogspot.com/" tem a resposta q escrevi pra você!
parece-me incômodo. e adorável.
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