A. Elisa
Foi lendo os textos de Cummings que eu começei a vasculhar dentro do meu coração à procura do que eu guardava ali dentro. Na prateleira mais alta, da estante mais bonita, tenho guardado a minha família, com medalhas de ouro por cada feito que presenciei ao longo da vida. Por entre as prateleiras mais baixas, estavam primos, tios, avós e padrinhos. Todos bem arrumadinhos e sempre lustrosos; pra esses sempre tive o cuidado de toda a semana limpar e nunca deixar que nada, nem ninguém passassem ali por perto. Ao lado dessa grande estante, tenho uma menor, mas não menos importante, onde guardo os meus amigos. São três prateleiras e constantemente mudo a ordem deles, de acordo com a nossa aproximação. Mas nunca, nunca mesmo, deixo que eles caiam no chão. Não vou negar que já joguei alguns no lixo, ou que existem outros que há muitos anos estão encostados lá no fundo da prateleira, cheios de poeira, só não deixo de admitir a importância que tais pessoas tiveram em algum ponto da minha vida. Em uma prateleira bem pequena, encostada atrás da porta de entrada, guardo os meus antigos amores, aqueles que se foram por minha vontade ou contra ela. Deixo atrás da porta, como guardiões de outras pessoas, que pretendam entrar no meu coração, como uma eterna lembrança na minha vida, do que deu certo e do que deu errado, para que assim eu não repita os mesmos erros com tanta freqüência. Mas o estranho é que tem pessoas que, por mais que eu tente jogar fora, por mais que eu troque a fechadura e tranque do lado de fora, conseguem voltar. Você, atualmente é a única pessoa que consegue fazer isso. Acho que talvez seja porque há muito tempo que você mora no meu coração. Tanto tempo que eu nem sei dizer quanto. O que aconteceu era que você vivia sempre escondido entre meus outros amores, ou no fundo da estante dos amigos e familiares. Cheguei às vezes a te confundir como primo, de tanto tempo que você passava junto com a minha família. Aí de uma hora pra outra, depois de algumas palavras trocadas, encontro você na prateleira dos meus amores, todo feliz e com o peito estufado, pelo grande feito almejado. E eu fiquei me perguntando como você chegou ali, fiquei me questionando quem tinha te colocado naquele local. Então eu percebi que você sempre esteve ali, mas disfarçava passeando de vez em quando por entre as outras prateleiras, ou se escondendo bem no fundo da prateleira dos amores. Foi aí que começou a nossa briga, já sabendo o final que tudo isso ia dar, desde o início fiz de tudo pra te por pra fora do meu coração. Me matriculei em mais cadeiras na faculdade, sai mais com meus amigos, tudo pra não ter tempo de pensar em você, pra não ver você voltar lá pra dentro. Sem que eu descobrisse, você sempre voltava, e cada vez mais forte, ciumento. E foi aí que eu perdi a paciência, comecei a te chutar pelo chão, a te humilhar, e a falar mal de você pra ver se você saia de vez do meu coração e nada adiantou. Hoje eu já me acostumei com a tua presença, te coloquei numa redoma de vidro e te pintei de dourado, desisti de desistir de você. E apesar de estarmos sós, você por aí e eu por aqui, você continua no meu coração e não tem palavra nem ação que te tire daqui, porque agora quem não quer que você saia sou eu.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
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que lindoooo!!!
ResponderExcluiramei, amei, amei!!!
uma declaração de amor escrita com as mais belas palavras, de maneira sutil e sincera :)
escreve logo um livro amiga :)
=***