terça-feira, 8 de setembro de 2009

Morangos.

A. Maria

Ela foi comprar morangos. Vermelhos.
Dizem que vermelho é a cor do amor.
Talvez tenha sido por isso que ela chorou.
Chorou e chora.
Será que perdeu um amor? Ela se perguntava porque destruiu tudo. Podia ser tão lindo.
Pensou isso quando atravessando a rua, viu uma mãe, um pai de duas filhas. Se imaginou ali no lugar daquela dama. Se imaginou com ele ao seu lado.
Pensando assim tudo parece tão fácil. Mas será que não era e ela é que complicou tudo? Ou será mesmo que era insuportavelmente difícil?É certo que esses momentos de incerteza não são freqüentes! Também se fosse ela enlouqueceria. Mas quando eles vêm tudo fica tão cinza. O céu fica tão nublado. E o amor parece ficar com raiva.
Os morangos estavam bem firmes, assim como ela quer estar. Claro que alguns estavam feridos, mas se não existissem as feridas, os inteiros não seriam tão bonitos. A vida não seria tão bonita.
Ela os envolveu com um doce gostoso, e um chocolate duro por cima.
E assim como os morangos, ela decidiu também envolver seu coração, com duas camadas, pra ele ficar bem guardado e preservar seu azedinho, mas com muito doce e chocolate duro por fora.
Vermelho é a cor do amor. Mas o vermelho está sempre protegido por camadas, cabe a ela morder tudo e comer o amor, o azedo, o doce e o duro juntos. E depois cabe a ela, presentear alguém com esse morango que fizera, para que o presenteado morda e coma seu amor, seu azedo, seu doce e amoleça o que é duro. Cabe a ela também descobrir como ele protegeu seu morango, e também come-lo para que os vermelhos dos morangos e do amor, fiquem dentro de cada um deles.
Bem guardado e bem juntinho daquela outra coisa vermelha conhecida como coração.

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