quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vamos entrar.

A. Maria

Me dê uma noite e um pouco da manhã, só preu sacar se os olhos mudam de cor.
Só pra eu saber se eu sou só eu, ou já deixei de ser.
Pra saber se são eles ou as cores que mudam.
Se eu já deixei de ser ou misturei.
Onde será que toda aquela coragem, confiança e força se esconde quando eu me pego assim como agora?
Cá estou eu mais uma vez jogando letras na tela pra ver se elas me ajudam a descobrir, já que aqui na minha caixola elas não estão colaborando muito.
É, acho que o homem não esta adaptado a mudanças. E quando ela vem, parece que tiraram o chão dos seus pés.
Ele também não sabe perder. Não se conforma em ter que perder.
Será mesmo que é o homem? Ou a mulher? Eu?!
Parece que junto com o sangue que perco todo mês, de tempos em tempos, como um filho que nasce, sabe? É, parece que de nove em nove meses, em média, junto com esse sangue perco mais uma porrada de coisas.
Esse mês parece que foi o escolhido.
E a cada dia tenho mais certeza que perdi uma flor, minha flor, e eu também era flor dela.
É, isso foi ruim.
Perdi também toda aquela confiança em mim, sabe? Aquela que me fazia crer que podia tudo. Aquela que vinha junto com minha coragem e certeza.
Mas isso não sei se foi de todo ruim, já que talvez isso me tenha feito encontrar outra coisa que como ainda é talvez, prefiro ficar procurando a certeza.
Perdi também a paciência de esperar o telefone tocar, de esperar o fim de semana pra tomar cerveja e de esperar a digestão se completar pra comer mais chocolate.
Mas aí também não creio na coisa como ruim.
Perdi meu brinco de bolinha e meu cheiro de independência.
Parece que quando perco uma coisa, saio perdendo tantas outras.
Perco a hora do cinema, a hora do banco e a hora de parar.
Parar. Parar.
Quando essa enchurrada que me leva tantas coisas, junto com o sangue vermelho escuro, vai enfim sossegar e deixar que o sol seque minhas roupas, meus cabelos e minha pele. E aí me deixar procurar e encontrar de volta tudo que perdi.
Quando será que eu vou poder ter a certeza de que na verdade me encontrei.
Que na verdade...
Achei.

Um comentário:

  1. Que forte. Adorei... "Perdi também a paciência de esperar o telefone tocar, de esperar o fim de semana pra tomar cerveja e de esperar... Parece que quando perco uma coisa, saio perdendo tantas outras...", isso é fantástico. Independente do q perdamos, q perdamos, sobretudo, aquilo q nos faz mal...

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