A. Elisa
Dia desses não tive sono, e nessa angústia de não conseguir dormir, me revirando de um lado pro outro, procurando me encaixar na cama, me peguei pensando em como a gente se encaixava bem. Era quase que automático, a gente dormindo, um ia se chegando pro outro e ficávamos assim até amanhecer. Você acordava sempre antes de mim e ficava me olhando, ali, enrolada com o lençol até o pescoço, porque você insistia em deixar o ar condicionado bem gelado, e também porque você não me deixava cobrir com uma manta. Talvez fosse por isso, que a gente dormia sempre bem juntinho. Depois que eu acordava e reclamava, pela milésima vez, que eu não queria que você ficasse me olhando dormindo, a gente tomava banho e eu assistia Pequenas Empresas/Grandes Negócios com você, só porque sabia que se eu dissesse, que não gostava do programa, você mudava de canal. E assim a gente ia passando o dia todo na cama, sem ver as horas passarem, levantando de vez em quando pra comer alguma coisa ou ir no banheiro. Me peguei pensando nisso e também no porquê da gente ter deixado de fazer tudo isso. No porquê de a gente agora dormir separado, no porque de eu estar nessa cama vazia sem conseguir dormir, sentindo falta do nosso encaixe. A distância faz a gente perceber que aquelas menores coisas são as que sentimos mais falta, como quando você botava leite no meu café, mesmo sabendo que eu só gosto de café puro; como você sempre aparecia com um filme romântico pra gente assistir, quando sabia que eu estava com TPM; ou como no dia que eu soube que tinha passado no mestrado, e que por conta disso ia morar na Espanha por dois anos, e você viu o nosso final eminente, e me disse “você mereceu!”.
Aqui, esses dois anos custam a passar, e o sono custa a chegar. Mas aí, agora que eu lembrei dessas tuas palavras, me lembrei que eu decidi isso, sabe? Que eu procurei isso e, que você esteve comigo durante todo o processo e que você me disse que sabia, que o nosso futuro era certo e tudo estava guardado, que se não fosse agora, ou daqui a dois anos, um dia a gente ia se encaixar naquela cama de novo. E então começou me dar uma tranqüilidade, um sono, um sono imenso e sem nem ao menos ter que te ligar, dessa vez, só de lembrar das tuas certezas eu continuei de pé para mais um dia de estudo.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
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